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sábado, 17 de fevereiro de 2024

PROJETO PEDAGÓGICO 2024

 

ESCOLA MUNICIPAL MARIA DAS MERCÊS AGUIAR

AV. MARECHAL HERMES, 70     BELA VISTA

32.421-075 IBIRITE – MG (31) 2010 – 3937

E-MAIL: mariadasmerces_aguiar@yahoo.com.br

                                                          @emmmaguiar

 

PROJETO PEDAGÓGICO 2024

 

 

 


Tecendo a Manhã

João Cabral de Melo Neto

1


Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.


2


E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.


(A Educação pela Pedra)

 

A Escola Municipal Maria das Mercês Aguiar fundada em 2006 reconhece o estudante como sujeito principal em seu desenvolvimento. Estrutura sua identidade fiel ao seu compromisso e missão de oferecer ensino e formação de qualidade a todos. (PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO OFICIAL DA ESCOLA MUNICIPAL MARIA DAS MERCÊS AGUIAR)

No primeiro turno conta com quinze turmas do Ensino Fundamental I e Ensino Fundamental II.  Totalizando aproximadamente 450 alunos.

A escola apresenta um crescente aumento do número de alunos com necessidades especiais educativas e pessoas com deficiência. Foram atendidos no ano de 2023 quatorze alunos contando com a assistência de oito estagiários, selecionadas pelas SEME para de fato incluí-los no processo de ensino e aprendizagem.

O corpo do magistério é composto por cerca de trinta e cinco profissionais competentes e capacitados.

São também vinte e oito profissionais do quadro administrativo entre pessoal que trabalha na cantina, biblioteca, secretaria, pedagógico e direção.

A escola é uma escola de referência para toda a comunidade da região do Duval de Barros. Busca a excelência do seu trabalho.

Contudo, no momento os seus resultados são os seguintes, segundo os dados do IDEB (Índice do Desenvolvimento da Educação Básica do Ministério da Educação) de 2019. (Último ano de aulas presenciais normais antes da pandemia de Covid-19)

TAXA DO IDEB: Anos iniciais: 6,8 e Anos finais 5,1 numa escala de dez.

Aprendizado adequado

9 ano

49% ou seja, menos da metade dos alunos ao final do nono ano não aprenderam o que deveriam em Língua Portuguesa.

16% ou seja, menos de um quinto dos alunos ao final do nono ano não aprenderam o que deveriam em Matemática.

5º. Ano

70% dos alunos com aprendizado adequado nos anos iniciais em Língua Portuguesa.

65% dos alunos com aprendizado adequado em Matemática.

O que nos leva a concluir que aproximadamente 30% dos alunos frequentaram os anos finais com defasagem na aprendizagem básica dos anos iniciais, que vão da alfabetização propriamente dita à uma leitura fluente. Em Matemática não dominar os conceitos básicos como saber a tabuada de multiplicação ou armar uma operação de adição, por exemplo.

Esses dados são de 2019.

Em 2020 e 2021 aconteceu a pandemia de COVID-19 que paralisou as escolas. Isso causou um IMPACTO enorme no processo de ensino e aprendizagem.

Como mostrou os resultados do SAEB 2019, mesmo em condições normais de temperatura e pressão os anos iniciais não conseguem entregar 100 % dos alunos prontos para os anos finais. Agora, não tem como mensurar as perdas que os alunos tiveram em aprendizagem sem frequentar a escola por dois anos. Mas, isso precisa ser levado em consideração nos planejamentos educacionais subsequentes.

O resultado de 2019 mostrou a situação dos anos do 5º ano. Esse alunos tiveram toda uma rotina escolar presencial, mesmo assim, trinta por cento deles não aprenderam o esperado, levando essa defasagem consigo.

Percebe-se, e esse fenômeno é nacional, que uma perda significativa de aprendizagem do aluno se comparado com o final dos anos iniciais e final dos anos finais. Especialmente em Matemática.

 

Por que isso acontece?

Essa é uma pergunta que a Escola Municipal Maria das Mercês Aguiar precisa achar uma resposta. É o desafio posto para o seu grupo de profissionais.

Ao se ler o que a legislação propõe lemos na RESOLUÇÃO SEE/MG Nº 4.692, DE 29 DE DEZEMBRO DE 2021:

Art. 31 - Os anos iniciais devem garantir o princípio da continuidade da aprendizagem de todos os estudantes, sem interrupção, com foco na alfabetização e na matemática, na perspectiva do letramento.

Art. 32 - Os anos finais devem ampliar e intensificar, gradativamente, o processo educativo no ensino fundamental, bem como considerar o princípio da continuidade da aprendizagem, garantindo a consolidação da formação do estudante nas competências e habilidades indispensáveis ao prosseguimento de estudos no ensino médio

(...)

Art. 36 - A escola deve, ao longo de cada ano dos ciclos - alfabetização e complementar, acompanhar, sistematicamente, a aprendizagem dos estudantes, utilizando estratégias e recursos diversos para sanar as dificuldades evidenciadas no momento em que ocorrerem e garantir a progressão continuada dos estudantes.

Art. 37 - A transição dos estudantes do ciclo complementar dos anos iniciais para os anos finais do ensino fundamental deverá garantir a articulação sequencial necessária, em face das demandas diversificadas exigidas dos estudantes, pelos diferentes professores, em contraponto à unidocência dos anos iniciais.

Art. 38 - Os anos finais do ensino fundamental compreendem os 6º, 7º, 8º e 9º anos e têm como objetivo retomar e ressignificar as aprendizagens do ensino fundamental – anos iniciais no contexto das diferentes áreas, visando ao aprofundamento e à ampliação de repertórios dos estudantes e fortalecendo a sua autonomia, oferecendo-lhes condições e ferramentas para acessar e interagir criticamente com diferentes conhecimentos e fontes de informação.

(...)

Art. 88 - A avaliação da aprendizagem, de caráter processual, formativo e participativo, deve:

I - ser contínua, cumulativa e diagnóstica;

II - utilizar vários instrumentos, recursos e procedimentos;

III - fazer prevalecer os aspectos qualitativos do aprendizado dos estudantes sobre os quantitativos;

IV - assegurar tempos e espaços diversos para que os estudantes com menor rendimento tenham condições de ser devidamente atendidos ao longo do ano letivo;

V- prover, obrigatoriamente, intervenções pedagógicas, ao longo do ano letivo, para garantir a aprendizagem no tempo certo;

VI- possibilitar aceleração de estudos para os estudantes com distorção idade/ano de escolaridade;

VII- considerar as habilidades desenvolvidas ao longo do processo de ensino e aprendizagem.

Uma coisa está bem clara nessa documentação o compromisso do Estado de Minas Gerais com a NÃO REPROVAÇÃO DOS ALUNOS, embasada no Plano Nacional de Educação

META 2 Universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.

Concordando com as palavras de Gualteri e Lugli:

“Os movimentos sociais pressionam o Estado para que as crianças e os jovens tenham garantidos plenamente seus direitos de entrar na escola, nela permanecer e prosseguir com êxito nas diferentes etapas até concluí-las.” 2012. (A escola e o fracasso escolar)

Por que a não reprovação? Porque a reprovação é contraproducente, nações com altas taxas de repetências vão mal nas avaliações externas. (https://veja.abril.com.br/educacao/reprovar-alunos-e-contraproducente-diz-ocde/)

 

 

 

Luciana Soares Luz em sua tese de mestrado em O IMPACTO DA REPETÊNCIA NA PROFICIÊNCIA ESCOLAR: uma análise longitudinal do desempenho de repetentes 2002-2003 UFMG. CONCLUIU QUE:

“As evidências encontradas sobre a incapacidade da repetência em recuperar o aluno deficiente são tão mais fortes quanto piores as condições do sistema escolar analisado. Vimos que o diferencial entre repetentes e promovidos, e repetentes e novatos, é maior nas escolas das regiões Nordeste e Norte, nesta ordem, em relação àquelas localizadas na região Centro-Oeste. Da mesma forma que o encontrado nas curvas ISO-IDEB, é possível que escolas mais deficientes, e que atendam a alunos mais deficientes, tenham mais dificuldade em melhorar o desempenho dos alunos, repetentes ou não, e que um ano adicional exposto às mesmas carências vividas anteriormente não gere maiores benefícios ao aluno.

 

E aí, o que fazer? O pesquisador José Francisco Soares em O EFEITO DA ESCOLA NO DESEMPENHO COGNITIVO DE SEUS ALUNOS apresenta uma perspectiva animadora 15% dos fatores de SUCESSO ESCOLAR depende única e exclusivamente da ESCOLA, há diferentes fatores que são obstáculo, mas há fatores internos da escola que são inescapáveis tais como:

·         Altas expectativas dos professores em relação à aprendizagem dos alunos;

·         Compromisso com a aprendizagem;

·         Clima harmônico e melhor gerenciamento de conflitos na escola,

·         Boa estrutura escolar;

·         O projeto pedagógico da escola conhecido por todos e posto em prática.

 

A Escola Municipal Maria das Mercês Aguiar nos anos de 2022 e 2023 se mostrou uma escola forte e resiliente.

Tem problemas, mas conta com profissionais dedicados e uma comunidade que a apoia.

Faz-se necessário construir um projeto pedagógico conjunto que dê respostas concretas e factíveis para os seus problemas. “Um galo sozinho não tece uma manhã...” (João Cabral de Melo Neto)

 

Ibirité, 15 de fevereiro de 2024.

Breno José de Araújo

Especialista em Educação Básica

 

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